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Lokomotiv, Gnosis

Gnosis é o disco que assinala os vinte anos dos Lokomotiv. Singular associação de três veteranos, o Lokomotiv nunca foi um trio de Jazz clássico, mais que pela formação (de trio de guitarra), mas pelas personalidades que o formam. Se o Jazz inequívoco de Carlos Barretto nunca deixaria de o marcar, Mário Delgado tem a electricidade nas veias e José Salgueiro foi desde sempre o mais percussivo dos nossos bateristas. Com os tempos, a liderança de Barretto foi-se diluindo, e o disco que comemora os 20 anos, Gnosis, ilustra de forma clara o entrosamento do trio, a sua coesão. Aliás, se liderança houvesse a assinalar seria talvez, numa primeira audição, a de Delgado, mas creio que a observação se deveria em primeiro lugar à natureza própria de instrumento harmónico da guitarra. Porque todos contribuem de igual forma com composições – algumas possuem mesmo como autores do colectivo - e, com acerto, intervenções. As percussões de Salgueiro são a forma própria de tocar, mais evidentes, talvez, em Arriba, ou no quase folk de Percorrupto, onde oferece à guitarra o protagonismo, Barretto traz para o grupo o conhecimento (Gnosis) o mais sólido Jazz, e Delgado por tudo sobrevoa, ora parecendo reverenciar John Abercrombie, aqui e ali piscando o olho a Bill Frisell, ora ainda reclamando a irreverência e o ácido do rock.

Lokomotiv faz 20 anos e tem razões para celebrar.

 

 

Carlos Barretto: ctb
José Salgueiro: bat
Mário Delgado: g

Gnosis, Lokomotiv. 2018

 

 

 

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